sábado, 30 de agosto de 2008

Ah, Maurren é ouro!….. eu estava lá

Eu estava lá. E olhei pro relógio na hora que a russa Tatyana Lebedeva ia saltar: 20h45. Pensei: "Desculpa, Tati, mas a Rússia já tem uma porrada de medalhas. Rala peito, tá russo pra ti, nega. Esse ouro é nosso". Nem olhei na TV que fica na Tribunda – sequei a mulher olhando pra pista mesmo. A Maurren é ouro! Não sabia se me zunia pra zona mista. Preferi ver a festa da são-carlense (cidade paulista, não aquela escola de samba caída). Bandeira do Brasil numa mão, bandeirinha da China na outra, lá foi ela dar duas voltas olímpicas…. Tirei até foto dela, tietagem na Tribuna, deixa a tal isenção jornalística pras aulas do Weden hahaha

Fiz zona mista, coletiva, voltei correndo pra zona mista pra falar com o povo dos revezamentos…. Aquele Ninho é muito abafado, às vezes me sinto um porco suado dentro do forno, só falta a maçã na minha boca!
Na Zona Mista, tirei uma dela meio de lado, sendo entrevistada por um portuga. Ela parou, fez o papo firme e pose pra mim. Na hora que mirei, um voluntário chinês pulou na frente e disse: "No pictures, sir". Caraio, a mulher deixou, sai daí, china! Não saiu – alias, saiu sim, saiu ele na foto. Pior que lá no Pan eu orientava a rapaziada no Engenhão a vetar fotos na Zona Mista. Como diria Kardec: aqui se faz, aqui se paga!


Fui à forra na Coletiva. Primeiro tem a coletiva propriamente dita, com tradução simultânea, china no comando, nigeriana e russa também na bancada. Cabô? Vamos para a "coletiva informal", os coleguinhas cercam a atleta e perguntam de tudo – sabe aquele papo do post "desafio do impresso"? Pois é, a Maurren começou Educação Física, depois Publicidade, a filha Sofia tem 3 anos e meio, ela comprou apê no Itaim (SP), vai ganhar 100 mil do Pão de Açúcar, mais um din-din do BMF… Voltei em êxtase pro MPC (Centro de Imprensa). Queria ouvir 1.500 vezes o que ela falou no meu gravadorzinho, fazer um texto à Garcia Marquez, ver dez milhões de vezes as fotos…. entrei na "redação" do COB e já foram me cortando: "Vambora, ô atrasador de jornal, voa com esse texto". Bati numa porrada só, nem conferi. Vai lá no site do COB conferir. Aliás, atenção alunos do 5º período na Pinheiro: vou usar muito do meu trabalho aqui em Pequim. Quer estudar pra prova? Digite www.timebrasil.com.br/.
Segunda que vem chego a toda velocidade aí!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

QUERIDA, DUPLICARAM MINHA QUINTA!

Cheguei na Europa em pleno verão. Tirava mó onda: "Mãe, verão aqui em Praga é show de bola. O sol só se põe às 22h, não é 20h como esse veranico ridículo daí, não", zombava. Aí veio a compensação, infelizmente: no inverno, o escuro chegava às 15h30. Foi aí que entendi o porque da expressão "chá das cinco": não é que eles gostem de chá quente no calor, é que às 17h no inverno tá frio bagaray. Um amigo dinamarquês (não é cachorro não) me disse que na terra dele no inverno eles montam clínicas de terapia: salas todas com espelho, cheias de luzes. É pro povo no inverno tentar se lembrar que existe luz. Brabo, né?

Pois é, no nosso horário de verão a gente primeiro "perde" uma hora e reclama – e no fim do verão a hora perdida "retorna". Aqui eu vou ter o mesmo efeito – só que multiplicado por 24. Eu saí do Brasil sexta à noite, quiquei no Canadá e cheguei aqui no domingo – e meu corpo insistia que era sábado. Semana que vem, saio daqui na quarta à noite, chego no Canadá na quinta, vôo pra São Paulo (acho que fazem isso por aclimatação, a gente sai da poluída Pequim e passa na fedentina do Tietê primeiro) e chego lá…. na quinta outra vez! Vou ficar doidinho. 'Inda bem que vem o findi.




ÓTIMO
Na outra segunda, estréio meu semestre na Pinheiro. Queridos alunos, se eu chegar atrasado, já sabem: é o jet leg, hahahahaha!


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

SALVADOR, FOTÓDROMO E ZONA MISTA INVERTIDA. NI HAO*!


Hoje vamos de notinha, nada de VT. Três comentários process:

I – Tristeza no ar poluído de Pequim: a festa está chegando ao fim. Desde o início da semana, aliás, a pauta já estava mais mole, só taekwondo e atletismo. Sinto-me como numa segunda-feira no carnaval de Salvador: ainda tem festa, mas os trios de Chiclete e Asa não passam mais. Já foram embora a ginástica, a natação, o vôlei de praia…. Tem uma musiquinha que eles põem na cerimônia de premiação que parece "Acabou", do Ricardo Chaves no carnaval soteropolitano: no início acha-se um saco, mas quando tá acabando dá um nó na garganta.




II – Virei setorista do Atletismo, diariamente vou ao Ninho do Pássaro. É um ícone dos Jogos, e a chinesada vai em peso visitá-lo. Como tem uma gigantesca tocha acesa (lembra do cara pendurado nos fios na Cerimônia de Abertura acendendo ela?), 10 entre 10 chineses fazem a foto um tanto óbvia: ficam de costas para o estádio, a mão finge segurar a tocha. Meu amigo italiano diz que a língua deles usa símbolos (os ideogramas), daí a adoração por imagens (acho que eu já falei isso aqui antes). Como os chineses adoram máquina fotográfica, o lugar vira um "fotódromo".


III – Zona mista é o nome do lugar onde mistura-se jornalistas e atletas. Um corredor em zigue-zague por onde passam os esportistas, e páram se quiser falar com os coleguinhas ávidos por informação. Ou, como diria Cazuza: "aspas e restos me interessam". Pois bem, a regra diz que primeiro fala-se com o pessoal de TV (e rádio e site), depois fala-se com o pessoal de impresso. É assim em Jogos Olímpicos, beach soccer, Copa do Mundo, Pan.

Claro, tevê primeiro, eles pagam os direitos, tem mesmo que ter privilégios – mas aqui em Pequim um detalhe me chamou a atenção. TVs estão perdendo boas imagens de choro. O atleta sai da área de competição triste com seu resultado. Levanta a cabeça, prende o choro e passa pela TV. Continua andando, não aguenta e chora – em frente ao pessoal de impresso! Aconteceu com Thiago Camilo, Fabiana Murer e hoje foi com Jadel (este, um choro mais econômico). Os meninos do 4x100 ficaram assistindo na TV a outra série da prova (com olhos mais grudados que minha filha assistindo Disney Channel) e quando viram que se classificaram pularam mais que pipoca – e o povo da TV estava "lá longe", imagem perdida…… Não seria o caso de se mudar a ordem na zona mista?




* Olá em chinês. Fala-se "nirrao".

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

BLOG TEM ERRATA?


Teve gente elogiando a montagem das fotos, as sacadas geniais, Tom & Jerry, fotos engraçadas etc e tal. Teve gente também reclamando das fotos do Lula, recebi emails perguntando se eu tinha virado tucano.

Meu voto é como meu bilau: não adianta eu tentar mudar, ele só se sente confortável à esquerda. Eu gosto do Lula.



Mas prefiro não mexer na “linha editorial” das fotos do blog. Entrou, ficou. Diga-se de passagem que eu sou péssimo fotógrafo, e não tenho muito saco pra tentar entender flash, zoom, essas coisas. Além do mais, as regreas do COI (Comitê Olímpico Internacional) são de que é proibido tirar foto de gente credenciada (atleta, repórti etc.). Meu pobrema é que eu só frequento essas áreas: saio da Vila de Mídia pro MPC, dali pra locais de competição, de volta pro MPC, de volta pra casa. Por isso não há fotos “off Olimpíadas”.



Aí, meus amigos-alunos que gerenciam o blog ficaram desesperados com a carestia de imagens da China (eu mando foto daqui como Copa do Mundo: de quatro em quatro anos), e resolveram com muita criatividade inserir fotos mil.

Gostou das fotos? Não são minhas não, já diria Lázaro Ramos no filme “Ó pai ó”.

Outra coisa: tem um blog que fala coisas interessantes, principalmente da nossa profissão de jornalista. É da Textual, empresa que presta assessorial para o COB, e que me contratou pros Jogos Olímpicos. Não é puxa-saquismo não, tá maneiro mesmo (e tem foto pra cada texto, não é essa inhanha de Flávio não).




segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Oitavo ouro? Meninos, eu vi….



Quem me conhece sabe que eu faço muita brincadeira, seja em sala de aula ou redação – mas sou dono de uma obediência canina e garra capricorniana quando se trata de trabalho.
Ontem eu estava no Ninho do Pássaro na hora da final dos 100 metros masculino, a prova que decide quem é “o homem mais rápido do mundo”. Só que eu assisti pela TV, pois estava na Zona Mista aguardando a Lucimara Silva, atleta do heptatlo, que ficou na 18ª posição. Ouvi coleguinha dizer que eu havia “exagerado”, “podia ter perdido a brazuca para assistir a prova” – excrusive um repórter me pediu para “passar depois o que tiver de bom na aspas dela, não perco essa prova de jeito nenhum”.
Hoje tinha nova tentação: entrevistar a maratonista Marily dos Santos, 51º lugar na prova, ou estar in loco no 8º ouro do Michael “Fenômeno” Phelps? A prova dele, eu achava, começava às 10h40. Lembro de olhar no relógio da Zona Mista chegar o 10h40 – e nada da nossa maratonista passar. Ficar lá seria determinação capricorniana ou teimosia asinina?
Quando acabei de falar com a alagoana, fiz o meu ritual de sempre em Pequim: uma enorme golada no chá verde (naquelas fotos minhas no Ninho e Cubo fiz questão de exibir uma garrafa do delicioso chá), pesada mochila nas costas… e vamos correr!
Eu havia errado, a prova era só às 11h10…. e eram 10h55. Suei muito (vou chegar fininho no Brasil hehehehe) mas estava lá. Com direito a fotos muito mal tiradas, fotografei o cara antes da prova, dentro d’água e na Zona Mista. Não sei qual vai ser o maior momento dos Jogos Olímpicos – tomara que seja o ouro brasileiro no vôlei feminino! – mas o oitavo ouro do Phelps foi mágico. O Cubo é mágico.
Acreditem: antes do cara entrar na água tocou “Ilariê”. No outro dia que fui no Cubo d’Água, antes de ele entrar na água também tocou a horrenda Xuxa. Fetiche do campeão?

O DESAFIO DO IMPRESSO

Segunda-feira, 11 de agosto.

Comecei meu dia no Cubo d’Água, um dos icons dos Jogos.
À tarde, fui com prazer assistir Brasil 3-0 Rússia no vôlei feminino.
Voei para a zona mista, e acabei sendo o primeiro a chegar na area da mídia impressa. Estiquei a orelha para ouvir o que diziam os coleguinhas de TV – claro, repercutiam a vitória conquistada de maneira fácil, perguntavam quais os segredos da soberba atuação etc. Basicamente, perguntas parecidas com as que eu faria minutos depois.
Os coleguinhas de impresso perguntavam já sobre o próximo adversário, a Sérvia: destaques, o que esperar do jogo, se a levantadora era realmente diferenciada etc. Pouco (ou nada) sobre a Rússia. Desconfiei.
Saí dali e fui para o judô. Ketleyn Quadros conquistou a primeira medalha individual feminina na história do Brasil. Perguntei sobre a marca e sobre as lutas que levaram ao inédito bronze. Os coleguinhas de impresso esticaram (e muito) a zona mista. Descobri que ela tem namorado, que o pai abandonou a família quando ela tinha 4 anos, a mãe cabeleireira teve dificuldades para comprar o primeiro quimono, as duas irmãs mais novas não lutam judô e por aí vai…..
Aí caiu a ficha. O impresso fica atrasado em relação às outras mídias. Um fato que ocorreu na noite de segunda aqui (manhã de segunda no Brasil) vai sair no jornal de terça. Os brasileiros são fanáticos por TV e site, na manhã de terça certamente todo mundo já vai saber do factual. Para o povo do impresso, o desafio é contar a história com um “molho” diferente.


Com essa história de molho, os jornalistas de impresso têm trabalhado muito. Alguns me dizem que ficam no MPC até 4h da matina (e eu achando que meu turno de 8h às 1h estava puxado) – e obviamente tem que estar às 8h de pé dentro de algum estádio/ginásio/arena. A frase louca do beatle Ringo Starr está de volta: para os jornalistas de impresso, seria bom se fosse “eight days a week”.

sábado, 16 de agosto de 2008

Cubo d'Água e Ninho do Pássaro.

Meu parceiro Daniele Mattioli, fotógrafo italiano, me clicou hoje ...
... na porta do Cubo d'Água
e Ninho do Pássaro.

Divirtam-se!

TOMS E JERRYS DO SIAOPING
















Os chineses parecem até texto da Bíblia: adoram falar por parábolas. No início da década de 90, o manda-chuva do Partidão, Deng Xiaoping resolveu sugerir que o país, comunista política e economicamente, avançasse na economia. Criou-se a idéia de um país comunista na política, mas próximo do capitalismo.






Como?



Xiaoping (fala-se ‘Siaoping’) teria declarado “Gato amarelo, gato preto, contanto que pegue ratos, é um gato bom”. Pingo de i é letra, diria meu amigo londrino Rodolfo. O cara deu início a um processo fantástico de renovação do país.





Eu estive aqui em 1990. O país andava de bicicleta, as pessoas usavam roupa cinza, pálida, muito tergal. Lembro de uma festa de alunos de uma faculdade (coisinha pequena, 1500 pessoas) em que ninguém usava jeans. Preconceituosamente, quando eu via um china na Europa pensava: “Se estiver bem arrumado e tirando fotos como um louco, é japonês; se for estudante pobrinho, deve ser chinês”. Feio de se pensar, mas dava certo.
A pujança chinesa fez a locomotiva acelerar. Tentarei tirar fotos de alguns big prédios, no melhor estilo “Tóquio ou Nova York”.




Fico cá pensando: estive aqui em 1990, impressiono-me com a mudança para 2008. Será que algum turista que tenha visitado o país no período de Fernandinho Cheirando Collor de Mello impressionaria-se com os anos Lula?



























quarta-feira, 13 de agosto de 2008

QUAL É A SUA, TERRA? É POUPAR?

Já pensou se alguém chegasse na casa dum seguidor do Crivella e dissesse: “Pronto, seu telefone está instalado. O número é 666….”. A pessoa ir ter uma síncope – como assim, um seguidor do Senhor ter prefixo número da besta?

Por aqui isso não se importa. Tá incomodado? “Funique-se”, diria meu cunhado pentelhinho. Os dois telefones da sala do COB no Centro de Imprensa começam com 666. Aqui a parada ruim é o 4 – dois ideogramas “4” juntos significa “morte”.

Sim, os chinas são muito superticiosos. Só pra exemplificar (sem ter de telefonar), os andares 4, 14 e 24 de muitos prédios simplesmente não existem. Culpa do tal "ideograma da morte".





Celulares terminados em 4 ou com muitos 4 são beeeeem mais baratos e bastante utilizados por gringos. Já o número 8 tem o ideograma que lembra o da prosperidade. Não é à toa que os jogos Olímpicos começaram no dia 8 de 8 de 2008, às 8 e 08 da noite.

Então fica combinado assim: telefone com 4 nem pensar (pelo menos pros chineses), nem com desconto - que eles oferecem pra quem quiser atender pelo “número do Cão”.


A Liana, gaúcha muito simpatica, disse que o Terra só alugou celular com número 4 no meio.


Nem sei se o dono da empresa pratica tai-chi-chuan, mas com certeza economizou uns bons yuans…..


terça-feira, 12 de agosto de 2008

A CAMISINHA DO TAXISTA















O trânsito daqui é muito louco. Conforme já disse trocentas vezes no blog, quando vim aqui em 1990 carro era artigo raro. Em primeiro lugar vinham as bicicletas, 1 milhão delas em Pequim; depois, as motonetas, charretes puxadas por chineses, Mobylettes etc.; então, os ônibus, iguais aos de indianos que vemos em filmes: sujos e lotados, buzinando desesperadamente no trânsito caótico. Por fim, quase envergonhado, minoria absoluta, os carros.


Como está o país hoje? Rico e lotado de carros ultra-modernos. Mas os motoristas dirigem à antiga, não tem experiência de dirigir automóveis. A “Olympic Lane”, ou via expressa para os carros e ônibus dos Jogos, só tem motorista a 30 km/h. Segundo o Eusébio Galvão, divertidíssimo repórter do COB como eu e colega de Comitê Organizador do Pan, “os chineses andam de carro, mas no jeito bicicleta de dirigir: lento, com manobras estranhas”. Acho que sentem medo de se ralar ao cair.
Os táxis são um capítulo extra. Ao entrar, toca uma gravação de ‘bem-vindo ao táxi da China’, dito em chinês e inglês (eles estão impecáveis). Mas o melhor é ver que o piloto fica isolado do resto do taxi – uma capa de plástico separa-o do banco de trás, outra placa distancia-o do co-piloto. Uma espécie de camisinha do taxista. Ou será uma versão popular dos carros com chofer?