segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O DESAFIO DO IMPRESSO

Segunda-feira, 11 de agosto.

Comecei meu dia no Cubo d’Água, um dos icons dos Jogos.
À tarde, fui com prazer assistir Brasil 3-0 Rússia no vôlei feminino.
Voei para a zona mista, e acabei sendo o primeiro a chegar na area da mídia impressa. Estiquei a orelha para ouvir o que diziam os coleguinhas de TV – claro, repercutiam a vitória conquistada de maneira fácil, perguntavam quais os segredos da soberba atuação etc. Basicamente, perguntas parecidas com as que eu faria minutos depois.
Os coleguinhas de impresso perguntavam já sobre o próximo adversário, a Sérvia: destaques, o que esperar do jogo, se a levantadora era realmente diferenciada etc. Pouco (ou nada) sobre a Rússia. Desconfiei.
Saí dali e fui para o judô. Ketleyn Quadros conquistou a primeira medalha individual feminina na história do Brasil. Perguntei sobre a marca e sobre as lutas que levaram ao inédito bronze. Os coleguinhas de impresso esticaram (e muito) a zona mista. Descobri que ela tem namorado, que o pai abandonou a família quando ela tinha 4 anos, a mãe cabeleireira teve dificuldades para comprar o primeiro quimono, as duas irmãs mais novas não lutam judô e por aí vai…..
Aí caiu a ficha. O impresso fica atrasado em relação às outras mídias. Um fato que ocorreu na noite de segunda aqui (manhã de segunda no Brasil) vai sair no jornal de terça. Os brasileiros são fanáticos por TV e site, na manhã de terça certamente todo mundo já vai saber do factual. Para o povo do impresso, o desafio é contar a história com um “molho” diferente.


Com essa história de molho, os jornalistas de impresso têm trabalhado muito. Alguns me dizem que ficam no MPC até 4h da matina (e eu achando que meu turno de 8h às 1h estava puxado) – e obviamente tem que estar às 8h de pé dentro de algum estádio/ginásio/arena. A frase louca do beatle Ringo Starr está de volta: para os jornalistas de impresso, seria bom se fosse “eight days a week”.

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